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Carta a uma nação dividida

Por Lucas

Caro leitor, Sinto falta de me direcionar a você. Há tanto, não me expresso aqui. Em partes, estava e estou esgotado com discussões políticas, por isso, decidi por me abster de comentar e escrever sobre os ocorridos mais recentes. Contudo, agora venho aqui, temeroso com os rumos do país. No último dia 30, a vontade […]

Caro leitor,

Sinto falta de me direcionar a você. Há tanto, não me expresso aqui. Em partes, estava e estou esgotado com discussões políticas, por isso, decidi por me abster de comentar e escrever sobre os ocorridos mais recentes. Contudo, agora venho aqui, temeroso com os rumos do país.

No último dia 30, a vontade democrática do povo foi expressa nas urnas. Não analiso aqui a qualidade das propostas ou qualquer coisa que seja. Meu posicionamento, quanto a ambos, você já sabe bem. Não simpatizo com nenhum dos dois e sempre fiz críticas a ambos. Contudo, as minhas preferências não importam. O fato é: a rejeição foi vitoriosa nessas eleições. O presidente eleito não ganhou por ser querido, mas sim por rejeitarem-no menos que seu opositor. E isso faz parte da democracia, apesar de não ser o ideal.

Devido a essa alta taxa de rejeição, mesmo do presidente eleito, surge em meio à oposição um problemático discurso de negação do resultado. Não entre a cúpula política, porque o próprio candidato sequer se manifestou até o presente momento. Contudo, entre seus apoiadores, cresce um discurso infundado (alimentado por anos pelo próprio presidente) de questionamento. Nesse momento, já há paralizações em vários estados no sentido de ignorar os fatos e exigir uma golpista intervenção militar.

Àqueles que votaram no presidente, não adianta postar que está de luto pelo país. O país continua existindo, com todos os seus defeitos e qualidades, e criar discursos antidemocráticos, fazer paralizações negando o óbvio só gera instabilidade e medo. Afasta investimentos e cria um clima de tensão entre a população. Unam-se pelo bem do país. Exijam seus direitos e lutem para que sejam representados. Afinal, o presidente tem que governar para todos, inclusive os 49,1% que preferiram outro. Vá para a rua, sim! Mas não para contestar as urnas ou pedir um governo militar. Vá para a rua e mostre que você importa e que sua opinião também importa. Ergam suas vozes para reafirmar seu compromisso com a democracia.

Aos apoiadores do futuro presidente, tenham humildade e busquem a união. Esse não é o momento de atacarem com palavras de ódio aqueles que erroneamente ignoram o pleito. Tenham também senso crítico e exerçam seu poder de cidadãos além da urna.

Independente de quem ganhasse, teria que governar em um país dividido e repleto de ódio. Não vai ser uma tarefa fácil, mas o ganhador terá que lutar pra pacificar o país.

Reafirmo a necessidade de encerrarmos os rótulos e nos identificarmos como brasileiros que somos. Por óbvio, cada um possui seus próprios posicionamentos e ideologias. Cada um quer o bem para o país de sua própria maneira, contudo nossa maneira de pensar não pode obscurecer nossa humanidade. Nossa ideologia não pode perfazer aquilo que somos, retirando-nos completamente a moral e o senso de justiça.

Ao povo brasileiro, meu desejo por progresso, justiça social e crescimento econômico. O nosso povo merece o melhor e torcer para que o barco afunde para provar nossas opiniões é a coisa mais tola que alguém poderia fazer.

Viva a democracia e viva a grandiosa nação brasileira.

Atenciosamente, eu.

Comentários

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Ana+Paula 02/11/22

Excelente!!!

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